terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Cadê o Conselho de Cultura?






Cadê o Conselho de Cultura???
O secretário recentemente falou num jornal que está tudo praticamente pronto para 2011... pô, gente, só quem participou do processo de construção dessa nova lei nas reuniões na ACECAM e no CICA (ano passado!!! Já tem mais de um ano!) sabe que embromação foi aquilo - com o departamento de cultura pressionando seus funcionários a votarem com eles... Uma vergonha!...

Isso sem contar os 10 anos que a lei de cultura ficou sem ser utilizada pela gestão que está aí à frente até hoje; Desde 1999 já podíamos nos valer da lei, que criou o Fundo, Conselho e Lei de Incentivo Fiscal. Ou seja, essa gestão que está aí NÃO COMPACTUA COM A PARTICIPAÇÃO POPULAR NA GESTÃO CULTURAL. Eles têm pavor de povo; não saberiam domar as rédeas dos artistas opinando na política municipal de cultura, por isso ficam comprando alguns de nós com cargos políticos e cachês miseráveis em seus eventos, para calar nossa boca. Fui vítima disso por muitos anos, assim como companheiros meus que viveram a mesma coisa, e sei muito bem do que estou falando.

Fora essa gestão ultrapassada!
Secretaria Municipal de Cultura JÁ!

Não podemos mais admitir uma "política" (??!) de cultura que só pensa no vetor economicista... Ou alguém duvida que o secretário tenha dado bandeira verde pra formação do Conselho só porque isso vai viabilizar a entrada de mais verbas pro município?? Foi a mesma coisa com o Conselho de Turismo, que nada mais é que um instrumento de validação das propostas da secretaria, para liberação burocrática do dinheiro. Gente, claro que dinheiro é bom e viabiliza muitas coisas, mas estamos falando aqui de participação real nas decisões do governo, de exposição de ideias diferentes, de construção de consensos e prioridades estratégicas.

Eu não concordo com um Concurso de Bandas e Fanfarras que torra R$60.000,00 em um único evento! Porque quando nosso grupos de teatro ou música vão solicitar R$500,00 para viabilizar um espetáculo, isso nos é negado, ou vira moeda de troca política??

Chega disso, gente.
Cachoeiras não merece.
Nossa cidade merece uma Secretaria de Cultura, todos nós sabemos disso!




sábado, 4 de dezembro de 2010

POEMA "Mirando a Morte"

POEMA-RESUMO




"Mirando a Morte"
(ou "Atualizando a Vida em 4 de Dezembro")



Nesses últimos meses,
Uma reflexão contínua
sobre a morte
e seus afazeres
(seus talabartes)
(seus talharins e talheres)
(seus atabaques)
tem me posto
em firme decisão de olhar.

Tenho dito
aos meus,
que viver é um mistério
e que optar pelo impulso
seja um caminho bom.
Tenho levantado a bandeira
da inconsequencia revolucionária,
do pronunciamento direto,
da crítica dita
- muito mais que pensada.

Tenho visto
que muitos dos meus
acreditam nas mesmas coisas,
escrevem sobre as mesmas coisas,
partilham a mesma estranha sensação
de infinitude e incompletude cáustica;
entretanto
entre tanto,
vejo que seu rosto
não sangra quando miram a morte.

Meu rosto tem sangrado
e singrado o manto
de meus mestres
continuamente,
num exercício
de viver a morte,
em seu sentido pleno.
Tenho vivido a morte
de um ego escoltado
pelas mentiras
que nos acomodaram
em ser seres humanos comuns,
com seus empregos comuns,
com suas famílias comuns,
seus fogões,
suas varizes,
seus infartos e esquizofrenias.

Não consigo fazer
que caiba em mim
a mesmice dos dias,
o joguete dos chefes,
a bebida na rua.

Não consigo saber
o que façam de mim
levantando-me ódios,
balançando-me os brios,
caçoando os emails.

Tenho mirado
a morte
e ela exígua de mim
minha parte abstrata.
Tenho, por parte dela,
no abstrato da mira,
imponderado a vida
como um dom precioso,
um som receoso,
um silencioso cio,
um rito sagrado.

Abro os olhos
e vejo no olhar
do espelho
(dos meus)
anseios de casas,
mulheres,
filhos,
carreiras,
espetáculos,
poderes,
partidos.

Tenho mirado a morte
e pouca coisa
me vale
quando me contam
meus últimos anos na terra.
Apenas as essenciais
permanecem.



Wellington Lyra
4 de dezembro - 23h30