terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Cadê o Conselho de Cultura?






Cadê o Conselho de Cultura???
O secretário recentemente falou num jornal que está tudo praticamente pronto para 2011... pô, gente, só quem participou do processo de construção dessa nova lei nas reuniões na ACECAM e no CICA (ano passado!!! Já tem mais de um ano!) sabe que embromação foi aquilo - com o departamento de cultura pressionando seus funcionários a votarem com eles... Uma vergonha!...

Isso sem contar os 10 anos que a lei de cultura ficou sem ser utilizada pela gestão que está aí à frente até hoje; Desde 1999 já podíamos nos valer da lei, que criou o Fundo, Conselho e Lei de Incentivo Fiscal. Ou seja, essa gestão que está aí NÃO COMPACTUA COM A PARTICIPAÇÃO POPULAR NA GESTÃO CULTURAL. Eles têm pavor de povo; não saberiam domar as rédeas dos artistas opinando na política municipal de cultura, por isso ficam comprando alguns de nós com cargos políticos e cachês miseráveis em seus eventos, para calar nossa boca. Fui vítima disso por muitos anos, assim como companheiros meus que viveram a mesma coisa, e sei muito bem do que estou falando.

Fora essa gestão ultrapassada!
Secretaria Municipal de Cultura JÁ!

Não podemos mais admitir uma "política" (??!) de cultura que só pensa no vetor economicista... Ou alguém duvida que o secretário tenha dado bandeira verde pra formação do Conselho só porque isso vai viabilizar a entrada de mais verbas pro município?? Foi a mesma coisa com o Conselho de Turismo, que nada mais é que um instrumento de validação das propostas da secretaria, para liberação burocrática do dinheiro. Gente, claro que dinheiro é bom e viabiliza muitas coisas, mas estamos falando aqui de participação real nas decisões do governo, de exposição de ideias diferentes, de construção de consensos e prioridades estratégicas.

Eu não concordo com um Concurso de Bandas e Fanfarras que torra R$60.000,00 em um único evento! Porque quando nosso grupos de teatro ou música vão solicitar R$500,00 para viabilizar um espetáculo, isso nos é negado, ou vira moeda de troca política??

Chega disso, gente.
Cachoeiras não merece.
Nossa cidade merece uma Secretaria de Cultura, todos nós sabemos disso!




sábado, 4 de dezembro de 2010

POEMA "Mirando a Morte"

POEMA-RESUMO




"Mirando a Morte"
(ou "Atualizando a Vida em 4 de Dezembro")



Nesses últimos meses,
Uma reflexão contínua
sobre a morte
e seus afazeres
(seus talabartes)
(seus talharins e talheres)
(seus atabaques)
tem me posto
em firme decisão de olhar.

Tenho dito
aos meus,
que viver é um mistério
e que optar pelo impulso
seja um caminho bom.
Tenho levantado a bandeira
da inconsequencia revolucionária,
do pronunciamento direto,
da crítica dita
- muito mais que pensada.

Tenho visto
que muitos dos meus
acreditam nas mesmas coisas,
escrevem sobre as mesmas coisas,
partilham a mesma estranha sensação
de infinitude e incompletude cáustica;
entretanto
entre tanto,
vejo que seu rosto
não sangra quando miram a morte.

Meu rosto tem sangrado
e singrado o manto
de meus mestres
continuamente,
num exercício
de viver a morte,
em seu sentido pleno.
Tenho vivido a morte
de um ego escoltado
pelas mentiras
que nos acomodaram
em ser seres humanos comuns,
com seus empregos comuns,
com suas famílias comuns,
seus fogões,
suas varizes,
seus infartos e esquizofrenias.

Não consigo fazer
que caiba em mim
a mesmice dos dias,
o joguete dos chefes,
a bebida na rua.

Não consigo saber
o que façam de mim
levantando-me ódios,
balançando-me os brios,
caçoando os emails.

Tenho mirado
a morte
e ela exígua de mim
minha parte abstrata.
Tenho, por parte dela,
no abstrato da mira,
imponderado a vida
como um dom precioso,
um som receoso,
um silencioso cio,
um rito sagrado.

Abro os olhos
e vejo no olhar
do espelho
(dos meus)
anseios de casas,
mulheres,
filhos,
carreiras,
espetáculos,
poderes,
partidos.

Tenho mirado a morte
e pouca coisa
me vale
quando me contam
meus últimos anos na terra.
Apenas as essenciais
permanecem.



Wellington Lyra
4 de dezembro - 23h30

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Camisa comemorativa Em Nós 5 anos





Este ano a Companhia Artística Em Nós completa 5 anos.
Foram mais de 200 ações culturais em escolas, praças, quadras, teatros, postos de saúde, espaços culturais, comunidades e nas ruas!...
Em 2010, projetos como a "III Semana do Teatro", a exposição "Julinho Roll 40 anos de Carnaval" e o "I Encontro Estadual de Teatro de Rua" atestaram a nova fase empreendedora do grupo. Além disso, nosso projeto de "Circulação de Teatro de Rua" já levou o espetáculo "Joana e Jaburu" a diversos bairros da cidade, inclusive no interior. E vem aí o novo espetáculo "O Jequitibá de Boca do Mato", com pré-estreia dia 2 de dezembro, no Parque Estadual dos Três Picos.


PARA COMPARTILHAR ESSA ALEGRIA COM VC, ESTAMOS DISPONIBILIZANDO UMA SÉRIE DE CAMISAS QUE RETRATAM AS PRINCIPAIS PRODUÇÕES DO EM NÓS, PARA QUE VC POSSA LEVAR NO PEITO TODO SEU CARINHO PELA TRUPE MAIS SERELEPE DE CACHOEIRAS DE MACACU!...



As camisas custam apenas R$25 e toda a renda inicial será revertida para o custeio da viagem que faremos a Mangaratiba / Paraty nos próximos dias 26, 27 e 28/11, por ocasião da VIII Mostra Rio x São Paulo de Teatro de Rua, para a qual fomos especialmente convidados.



Se vc quer contribuir com mais esta empreitada, faça contato.
Adquira sua camisa e fortaleça o movimento de Teatro de Rua em sua cidade! =)
(21) 8239.7406
(21) 9722.3238
Wellington + Josiane
Companhia Artistica Em Nós

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Dia da Cultura! CACHOEIRAS DE MACACU




Hoje é o Dia Nacional da Cultura!
Assim como em todo território brasileiro, também aqui em Cachoeiras de Macacu!

Vamos ver o que temos para comemorar?

Pensemos juntos: o que devem estar fazendo os jovens e as crianças a esta hora (fim de tarde) nos bairros de Maraporã, São José da Boa Morte e Guapiaçu?
Será que rola uma sessão de cineclube para as mães de família que moram lá dentro no Areal? Ou quem sabe um showzinho de voz e violão nos confins de Coco Duro, ou mesmo ali na entrada de AgroBrasil??...

Será que alguém lembrou de inserir a bucólica Serra Queimada no roteiro de apresentações daquele grupo teatral famoso que passou por nossa cidade? Será que tem aula de artesanato ou pintura para os talentos escondidos do Faraó?
Um recital de poesias no Estreito...? Um concurso de contos no Valério...?

Pra onde será que foram os grandes cantadores, foliões e escultores de madeira do nosso interior?... Pra onde foram suas obras?... Será que no mato não há cultura?? Será que na roça ninguém se expressa???

Areal, Subaio, Valério, Castália, Ribeira, Taboado, Marubaí, Funchal, Guararapes, Anil, Santo Amaro, Soarinho, Quizanga, Agro-Brasil...
Da serra à baixada... seguindo a trilha do Rio Macacu, nossos dias passam inertes e sem brilho devido à falta de uma política cultural de verdade que entenda a CULTURA como necessidade básica do cidadão brasileiro - tanto quanto comida e saúde.

NO DIA DA CULTURA, MEU PROTESTO CONTRA UM GOVERNO QUE PÕE NUMA MESMA BALANÇA: ECONOMIA, INDÚSTRIA, COMÉRCIO, TURISMO E CULTURA, SUFOCANDO AS POSSIBILIDADES CULTURAIS EM NOME DE UM "PROGRESSO" EQUIVOCADO.
NO DIA DA CULTURA, MEU PROTESTO AINDA MAIOR CONTRA UM SECRETÁRIO QUE, OBSERVANDO ESSA DISPARIDADE DEBAIXO DE SEU NARIZ, INSISTE EM IMPEDIR QUE OS ARTISTAS E GESTORES DA CIDADE POSSAM CONTRIBUIR COM SUAS IDEIAS - IDEIAS DE QUEM VIVE NA PELE A INFELICIDADE QUE É CHEGAR AO NOSSO DIA, SEM NADA A COMEMORAR...

Todos nós - artistas, público, moradores dos bairros mais afastados - sofremos um BOICOTE da Secretaria de Cultura quanto à reestruturação do Conselho de Políticas Culturais, único instrumento capaz de iniciar uma mudança concreta na gestão de Cultura em nosso município. Há 11 anos escutamos o mesmo discurso de gente que quer cavalgar sobre nós unicamente para satisfazer seus ambiciosos projetos pessoais de ascensão e permanência no Poder. Há 11 anos assistimos à degradação do movimento artístico cachoeirense, que vê um arte-educador respeitável e amado por todos fazendo o jogo sujo de uma pessoa que nada sabe de Cultura, mas que infelizmente exerce tamanha influência opressora que não resta ao assessor técnico nada mais que abaixar a cabeça e figurar como marionete neste jogo... Todos temos vergonha desse papel. Alguns mais, outros menos. Alguns porque vivem da arte, porque dela dependem para viver e para sobreviver. Outros nem ligam mais, já se acostumaram - estão encarcerados em suas próprias conquistas pessoais e de nada vale o embate por melhorias para todos. Não lhes parece agradável o conflito político, a crítica feroz, o embate direto - preferem sentar-se confortavelmente em seus sofás para ver a novela das oito, ostentando num certificado ou num porta-retratos seu portentoso papel de "ARTISTA"...

Artista?

Artistas que não se incomodam com o estado precário das condições de seu próprio trabalho?
Artistas que esquecem das necessidades dos capoeiristas, por exemplo, tão logo seu pincel e sua tinta lhes forem dados?
Artistas que não reconhecem em seus pares de profissão uma única classe que luta pelos mesmos ideais humanistas?
Artistas que estão plenamente satisfeitos com a vida??...
...existe essa categoria de "artista"?



Citando O Rappa, despeço-me desejando a todos os ARTISTAS DE VERDADE um Dia Nacional da Cultura revigorador:
"A minha alma tá armada e apontada para cara do sossego;
Pois paz sem voz, não é paz...
...É medo."

Wellington Lyra
ARTISTA
05/11/2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Atividade cultural na Cidade Alta

Nosso segundo bairro, a Cidade Alta mais uma vez nos recebeu de braços abertos para uma parceria com o Posto de Saúde, com presença dos nossos alunos do Programa Ocupando a Hora Vaga (onde há 5 anos atuamos voluntariamente com oficinas de teatro e cinema) e diversas outras famílias da comunidade.
(outubro/2010)

sábado, 2 de outubro de 2010

Declaração de voto - acompanhem-me, se quiserem! =)


Nestas eleições, minha convicções de voto na Dilma como sucessora natural do brilhante trabalho do presidente Lula, deram lugar a uma crescente certeza de que - após a revolução promovida por Lula - uma nova voz se faz necessária num país que conquistou uma liderança mundial de suma importância nos últimos tempos.

Ao invés de apostar num futuro governo Dilma como continuidade irrefutável do projeto vitorioso de Lula, permiti-me sonhar ainda mais longe e vislumbrar, como ser humano multiétnico e livre pensador que sou, um novo Brasil liderado por uma liderança que utiliza a humildade a serviço do contexto coletivo da vida.

Sobrinha de um índio xamã, espiritualista evangélica, ambientalista holística, acreana filha da floresta, Marina traz na voz cansada e suave uma nova proposta de país, gerenciado em consórcio com a totalidade de seus habitantes, levantando a bandeira da amor e da ternura como motes inadiáveis para um novo tempo que cada mais se aproxima e conquista adeptos no mundo inteiro; um novo tempo que precisa - para além de bons projetos e governos estáveis - canalizar seu foco para o fenômeno humano dentro dos ambientes em que se insere. E o fenômeno humano é composto de cultura, de sociedade, de espiritualidade, de integração cósmica com a natureza, de adaptações criativas às mudanças que se apresentam.

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Meu voto era da Dilma desde o início da campanha.
Entretanto, ao desapegar-me de convicções endurecidas e unilaterais, vi-me descobrindo pouco a pouco todo o diferencial que agora, a mim, parece tão claro o meu apontamento para a eleição de Marina à presidência.

Descobrir as propostas de sua campanha, os desdobramentos criadores de sua militância; sentir-me vivo e parte de um organismo gigante que pensa o Brasil para a nova era do Planeta; ver que a ternura e a compaixão podem fazer parte, sim, de um novo modelo de governo; enxergar a possibilidade de um voto que ultrapasse o conservadorismo da simples perpetuação de um bom governo - em função de um governo cheio de novidades que se comprometeu a manter as conquistas essenciais deste mesmo bom governo anterior... essas descobertas diárias me deram fôlego para pensar novo, pensar de novo.

E mudei.

Contra minhas próprias convicções cegas.

...E puder abrir mais claramente os olhos da intuição e enxergar ainda mais longe o desenvolvimento pleno do meu país, que será um líder para o mundo. Um líder em ecologia, em integração humanista, em respeito e celebração à diversidade.

Quando vi depoimentos de pessoas do porte de Leonardo Boff, Marcos Palmeira, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, James Cameron, Lenine, Adriana Calcanhotto, Arnaldo Antunes e outros - gente a quem aprendi a admirar por suas ideias e por suas obras - não tive mais dúvida: as mentes mais visionárias já haviam identificado em Marina a evolução política mais completa para o Brasil.

E cá estou. Visionário, audacioso, livre pensador.

Marina pode até não vencer esta eleição.
Mas estaremos com ela pacientemente consolidando um novo rumo para o planeta a partir do Brasil, ano após ano, fazendo nosso esforço particular para mostrar que um novo caminho se descortina sob nossos olhos - e que é apenas questão de tempo sintonizarmos com ele.

Sintonize-se a tempo.

Vote Marina Silva, a filha da floresta.

=)

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Um chatíssimo texto sobre liderança (rsrs): NÃO PRECISA LER, deixei aqui só por registro mesmo! =)


OU:
Quando chega o momento de ter ÍMPETO
O líder é um ponto de referência para onde todos canalizam sua atenção, ou seja, sua energia vital.


Existe um pequeno problema em se tornar uma liderança popular. Você passa a ser um alvo em potencial. Você passa a ser um alvo das pessoas que são contra o que você prega, mas também se torna um alvo das pessoas que te seguem - aquelas que concordam com você.

Explico:

Na posição de líder, seus ditos "inimigos" (na maior parte das vezes não por sua escolha, mas pelo fato de que eles mesmos não admitem seus posicionamentos pessoais e optam por demonizá-lo a qualquer custo), descarregam em você rajadas de vibrações negativistas, votos de insucesso e tempestades de cólera - porque enxergam nos seus posicionamentos (do líder) algum tipo de ameaça ao seu próprio império particular, às suas ambições particulares.

Geralmente, conflitos desta natureza nascem do embate com outros líderes - ou pretensos a sê-lo. Visões diferentes volta e meia entram em choque - e é só pelo embate direto que essas diferenças são postas em questão.

No outro lado da toada, uma liderança popular acaba sofrendo por um viés que a princípio não considerava possível, mas que o afeta igualmente: seus próprios aliados, aqueles que fomentam as mesmas questões ideológicas que você, acabam se tornando - também - geradores de energia pesada que é descarregada sobre o líder: ansiedade, expectativa, cobrança, alienação de sua própria responsabilidade, e por aí vai...

Quando a batalha por alguma conquista relevante se apresenta, o líder, às vezes, por mais que tente manter sua linha de atuação regular e previsível (para seus aliados, ao menos), se vê obrigado a ter uma atitude mais frontal, a desferir um golpe mais vigoroso, a considerar um caminho menos previsível.
Em suas qualidades de liderança, esconde-se uma que é pouco reconhecida e que por isso causa estranheza a seus próprios aliados: o ÍMPETO, ou seja, a autonomia de ações.

Causa estranheza porque, até certa altura, era justamente a previsibilidade e retidão do líder que faziam dele uma figura a ser venerada e seguida por outros. Era sua capacidade de aquietar-se nos momentos de conflito que inspiravam a confiança de seus seguidores.

Entretanto, o líder, em suas difíceis decisões estratégicas - mesmo considerando a opinião daqueles que sempre o cercaram - acaba tendo que escolher um próximo passo vigoroso ainda que a despeito da "segurança" social que os seus lhe haviam colorido. Se os seus enxergam nele uma reserva eterna de previsibilidade e até mesmo uma certa negação ao conflito, o líder, por sua vez, uma vez tendo se imbuído dos valores que lhe tornaram liderança, não pode se furtar a esses mesmos valores quando seu coração o convida ao embate.

Se acredita que a justiça está acima de nossa comodidade pessoalista, vê-se obrigado moralmente a ser justo - e não apenas a discursar sobre justiça...
Se crê que a coletividade está acima de nossa miudeza individualista, vê-se impelido moralmente a lutar pelo que é direito do coletivo - e não apenas a discursar sobre direitos...

De tal maneira, que, após reunir os argumentos e valores que serão seu elmo e escudo numa próxima batalha sem término previsível, o líder - que nos momentos de conflito não sabe se poderá contar com todos os admiradores que lhe foram fiéis até o momento (pelo simples fato de que nem todos são líderes e nem todos são chegados ao combate) - cavalga seu próprio destino e lança-se ao desafio de lutar sem nem ao menos saber se a violência do combate agradará aos seus, que tanto lhe veneram...

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Alguns não se agradarão, por entender em atos "imprevisíveis" um certo desvio da conduta com a qual o líder se apresentava até então aos seus liderados.

Outros até se afastarão, por medo de que o líder tenha enlouquecido em seus anseios por liberdade.

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...Entretando, algumas coisas PRECISAM ser feitas e apenas um líder desprovido mesmo de sua própria reputação com os seus, seria suficientemente audaz para empreender tais feitos. Afinal, de que adianta manter uma imagem irremediavelmente perfeita e previsível para com seu círculo de seguidores - correndo o risco de que esta imagem esteja a ser mais importante que os valores "discursados" por todos - e nos momentos de embate furtar-se à imprevisibilidade da batalha por nunca ter considerado que certos passos são dados à sorte do Destino?... E não serão justamente estes passos decisivos os que ao final lhe configurarão como atos de uma liderança real (e não apenas comodamente discursada) ou de um louco desvairado e falso messias, caso sua estratégia tenha falhado?

Se funcionar, ou se ruir, são lados opostos de uma mesma moeda chamada ÍMPETO.

Se fica na história como herói ou como louco, não importa. O líder poderá dormir em paz porque fez o que clamava seu coração - e é a ele que deve respeito; e é por ele que se tornou uma liderança.

Seguro meu maracá e vou pela floresta incógnita da vida!


Wellington Lyra,
com gripe, adoentado com várias coisas há mês,
recebendo cargas energéticas de tudo e de todos,
em processo de mutação,
feliz por servir de ponte para novos mundos.
=)

terça-feira, 7 de setembro de 2010

A morte de Walter Neves

CAPÍTULO 1 - A NOTÍCIA

Josiane apareceu em casa, após o trabalho, virou-se para mim e disse:

- Seu Walter morreu...

Buááá!... Desatou-se em choro.

(...)

Após algumas daquelas cenas de sempre quando alguém morre (a gente fica olhando pro vazio, recorda umas passagens da pessoa em vida, tenta se recobrar da última vez que a encontrou, olha pra quem está ao lado e pensa no que fazer, etc etc.), e tendo visto que apesar da tristeza ela ficaria bem, sozinha em casa, perguntei pelo velório e lá fui eu velar meu grande amigo.

- O corpo já está lá na Saf, ela dissse.


CAPÍTULO 2 - O VELÓRIO

Terminei de me vestir (já estava quase saindo para uma capacitação sobre coleta seletiva, quando veio a notícia), despedi-me e fui.

Com aquelas cenas todas rodeando minha cabeça - as diversas vezes que nos encontramos, o carinho que seu Walter nutria por mim, o orgulho que eu tinha de conhecê-lo e de ser reconhecido por ele, a história de vida junto à cultura cachoeirense, tudo aquilo vinha junto na minha cabeça, me preparando para a despedida final. Era um misto de tristeza mas ao mesmo tempo satisfação de tê-lo conhecido em vida, de ter compartilhado alguns anos ao lado de um dos últimos grandes nomes de Cachoeiras...

Cheguei na capela mortuária.

Não tendo reconhecido ninguém por ali - natural, porque não conhecia ninguém da família dele mesmo - segui até um dos aposentos onde se velava o corpo. E lá estava ele, deitado solenemente sobre o último dos leitos, repleto de flores, uma feição um tanto diferenciada, claro, emagreceu mais ainda durante seus últimos dias, sem óculos... mas lá estava - um de meus grande amigos e ídolos!

Não quis ficar por lá, perto do corpo, resolvi voltar para frente da Saf e aguardar algum conhecido da cultura chegar, para ir me enturmando, puxando assunto... Afora isso minha espiritualidade me conduzia a cumprir minha função de ser um zelador daquele espaço sagrado, cuidando para que as novas energias chegadas fossem suavemente conduzidas ao encontro, para amenizar os solavancos do astral.

Isso era umas 9h30.

Diversos conhecidos meus passaram pela frente da capela, e ao me ver perguntavam sobre quem estava velando. E eu, zelador firme do momento de passagem do meu mestre Walter, dizia: " - É seu Walter Neves, um grande amigo ligado à cultura, musicólogo, compositor, poeta, um dos grandes de Cachoeiras de Macacu". Era minha forma particular de prestar-lhe as últimas homenagens...

A hora ia passando, 10h, 10h30, nada de chegarem as pessoas da cultura. Aquilo estava me incomodando. Afinal, embora o enterro em si estivesse marcado para a tarde, eu achava que seu Walter merecia uma consideração maior de todos nós, uma presença maciça dos artistas.

Daí comecei a pensar em homenagens...

Meu Deus, era o seu Walter indo embora! A gente nunca mais ia vê-lo por perto, encarnado, não teríamos seu corpo franzino a nos servir de companhia à noite, nos espetáculos do centro cultural, nos júris dos festivais de música e teatro!...

Vamos prestar-lhe uma homenagem - singela, mas à altura de sua grandeza!

Daí fiquei aflito, pensando em quem poderia ter um cd da Dalva de Oliveira, e um carro para seguir no cortejo fúnebre tocando alto a música da diva que ele mais amava. Ao mesmo tempo, ficava preocupado em como proporia isso aos familiares, pois me pareciam todos tão reservados, até meio pudicos mesmo. Será que um cortejo espalhafatoso desses não os iria ofender?... Havia mesmo considerado a hipótese de juntar uns mais fãs e seguir usando vestes de carnaval, sua grande paixão, objeto de pesquisa e tema de livro. Mas isso, logicamente, já bani de primeira, eu mesmo.

A hora passava e não chegava ninguém das artes pra eu ir trocando ideia sobre isso... Apenas conhecidos, que eu sempre esclarecia fazendo referência aos grandes feitos de meu amigo em vida.

Deu 11h30. Eu precisava sair para comer alguma coisa. Espairecer, sacodir um pouco da energia que retive na entrada da capela, enfim.

(...)

CAPÍTULO 3 - INTERVALO

Fui na loja do meu pai, aproveitei para atualizar meu email.
Foi quando li a mensagem do diretor do centro cultural, informando sobre a perda do nosso querido Walter Neves.

Continuei a ler meus emails... E não é que com surpresa abri um seguinte com o mesmo diretor do centro cultural pedindo para desconsiderar o email anterior - dizendo que tudo não tinha passado de um grande mal-entendido??

Daí fiquei confuso...!

Nisso eu já tinha enviado a notícia do falecimento para uma série de cotatos no MSN, já estávamos articulando uma matéria no jornal, relembrando histórias etc.

Conversando com um amigo, ele disse: " - É, passou mesmo o carro de som anunciando a morte de um Walter... mas falava que era um ex-funcionário da Busquet".
Poxa, mas seu Walter tinha tantas outras referências de vida mais importantes que só "ex-funcionário da Busquet"... Será que...? Será que não...?

Estupefato, voltei pra casa.


CAPÍTULO 4 - COMUNICAÇÃO

Ao chegar em casa, ainda sem saber de fato quem tinha de fato morrido de fato, sou recepcionado pela Josiane na maior tranqüilidade do mundo usando o computador.

- Ah, meu amor, eu tava aqui tentando fazer contato com você desde cedo, mas não conseguia... Logo assim que você saiu de casa, a secretária do centro cultural telefonou dizendo que havia sido feito uma confusão nos nomes, que o Walter que morreu era outro etc etc.

Com cara de bunda - mas imensamente satisfeito de ter cumprido com o meu dever de zelador astral do meu estimado amigo e ídolo - e ainda mais satisfeito de saber que ainda terei a oportunidade de encontrá-lo pessoalmente para lhe contar essa história... - refiz-me aliviado e voltei às minhas atividades normais.

Seu Walter, para ver como sou seu fã e amigo do peito, fiz questão de velar seu corpo antes mesmo de que morresse, para que saibas que sou eternamente grato à sua amizade!...




kkk...
Só Jesus mesmo, né?
Jesus genérico, diga-se de passagem.


=)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Momentos na rodoviária / Teatro de Rua




Com meu sobrinho, Pedro Henrique,
converso sobre peixes voadores e palhaços coloridos...





Com a repórter Luciana Thomaz,
falo de acreditar na força da coletividade e em sonhos reais...




O que de mim
será
senão
duas metades
que se complementam:
uma que fala
outra que ouve

Uma que enxerga
outra que vê

Uma que cega
outra que lê

Metades
de uma balança
sem fim
penduricalho
de atos
insones
de sonhos
ingratos

...de fatos
y visiones!


Wellington Lyra
17-ago-10


domingo, 18 de julho de 2010

Jesus de óculos?




Faz de conta que usasse óculos...






Minha sogra esqueceu os óculos aqui em casa.
Eu, claro, peguei para experimentar... desde pequeno que tenho fascínio por ter que usar óculos...!


Vê se pode...?


Não tenho apresentado problemas muito flagrantes de vista, mas de uns anos pra cá meu olhar tem desbotado, natural, a gente desgasta ele na luz fria do computador, na luz difusa da sala, no cáustico do sol, no desbotamento da vida cotidiana.


Experimentei.
Mas não vi nada, graus muitíssimo fortes. Dor na vista.


Daí peguei a fotográfica e me retratei, de óculos.
Realizando um sonho de infância, um sonho meio aloprado.


Ao me ver no cristal da máquina, não é que me reconheci real?...
Aquele retrato me pareceu, de modo estranho, um desdobramento natural e muito próximo de tudo o que tenho vivido interiormente. Ficou-me a impressão de que óculos são uma manifestação concreta de um conjunto de amadurecimentos que me têm perseguido nos últimos tempos.


De modo que representariam um marco de personalidade na passagem recente de meus 27 invernos, como se assim, portado deles, passasse a vivenciar uma nova etapa de uma intelectualidade aprofundada, uma deficiência visual em contraste com a necessidade de aprofundamento da minha retina nas coisas a que me debruço.


Será que são?
Será que não?


Será que sim?...


Bom, em todo caso, vou ver se marco um oftalmologista para avaliar meu olhar, tão estranho a mim neste mundo onde espelhos são cada um de meus amigos e inimigos quando se reluzem em mim. Meus reflexos têm aparentado tão astigmáticos ultimamente...


E, se me recomendarem o uso deles, meus sonhos de infância - eis na foto como talvez fique daqui pra frente!... =)

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Micropoesia de inverno



O Deus Sol nasce lentamente,
rompendo o véu sombrio desta escuridão fria,
densa,
européia...

Bem vindo, Inverno, senhor
das mais completas realizações!

Seja feita de raios polares
nossa imensa coroa de sóis!...




Wellington, 16 de junho
Em comemoração a Yule, o Solstício de Inverno.



sexta-feira, 4 de junho de 2010

A escultura da Maçonaria

A última que ouvi de interessante na cidade é a de que um grupo de religiosos estava se articulando para passar um abaixo-assinado.

Sabem o motivo da reivindicação?

Solicitar a retirada do recém inaugurado monumento na entrada da cidade, ali perto do estádio de futebol...

Vocês por acaso já viram?

Trata-se de uma pirâmide com as inscrições "Fraternidade", "Liberdade" e "Igualdade", uma em cada lado. Essas três palavras são o lema da república francesa, tão famosas no mundo inteiro após a revolução - Liberté, Égalité, Fraternité. Há também um desenho com a figura de um compasso e uma régua.

Pra quem não sabia disto, este é o símbolo da Francomaçonaria, ou simplesmente Maçonaria, uma religião fundamental na consolidação da república brasileira e que igualmente tem presença forte em nosso município.

Qual foi minha surpresa quando, numa compra de tecidos para figurinos do teatro, ouvi de soslaio o papo do disse-me-disse: "É, vocês viram? Ouvi dizer que tem um grupo da igreja que vai organizar um abaixo assinado para pedir para retirar".

Mas ora vejam! Não é estranho que o brasileiro ainda tenha esse tipo de preocupação? Será que ainda há gente que não se acostumou à ideia (ou melhor, ao "fato") de que o Brasil é multiétnico, multicultural e exemplarmente sincrético em sua infinidade de religiões? Como pode um país que comporta um sem número de manifestações há tanto tempo, ainda demonstrar coisinhas deste tipo?...

Ah, se estivéssemos falando de Portugal, ou do Iraque, ou de China, países fundamentalistas em suas fés, até tudo bem, dava para passar... Mas Brasil?

---

Que seja bem-vinda mais esta escultura merecida em Cachoeiras, saudações aos Maçons e minhas humildes lembranças ao Grande Arquiteto do Universo! Viva nossa própria diversidade!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Minhas experiências com as drogas

Neste tópico, irei abordar as minhas experiências no mundo das drogas.

(...)

Bem, como não tive nenhuma, o texto acaba por aqui mesmo.

Ah, não sei se conta, mas uma vez tentei experimentar café, e quase passei mal.
Ainda que estivesse bem diluído em leite, meu organismo rejeitou.

E também em minha juventude eu escutava muito pagode, tipo Molejo, essas coisas. Mas graças ao apoio de minha família e muita fé na vida, consegui superar o vício.


(Este é um tópico experimental)

=)

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Porto Alegre

Então...
Acabou que por meio de um amigo recente nosso - o Beto Grillo, de Nova Friburgo - e também por causa das relações que se estabeleceram na Conferência de Cultura em Brasília, o Em Nós acabou tendo a oportunidade de ser convidado a participar do "7º Encontro de Articuladores da Rede Brasileira de Teatro de Rua", na cidade de Canoas, próximo a Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Como representantes do estado do Rio de Janeiro, pela lista que a Fernanda (do Grupo Mototóti, anfitrião do evento) nos enviou, constavam os seguintes nomes: Beto Grillo, da Cia Errantes Brincantes, de Nova Friburgo; Licko Turle do Instituto Tá na Rua, nosso camarada do Rio / Lapa; e Jô e eu, pela modesta Companhia Artística Em Nós. Conseguimos, com isso, integrar o número de convidados que teriam toda as despesas com hospedagem e alimentação bancadas pelo evento, que seguiu do dia 30 de abril ao dia 6 de maio.

Bom, mesmo com toda esta facilidade, que muito nos honrou, ainda assim faltava quitar um detalhe que nos parecia simples a princípio: comprar as passagens aéreas.

Como não teríamos a mínima condição de comprá-las por conta própria, desatamos a articular parcerias com empresas e secretarias que eventualmente nos servem quando temos projetos a realizar. Apoio Cultural.

Encaminhamos ofícios a umas 15 empresas mais próximas, explicando a importância de nossa participação neste encontro. Oferecemos opções de colaboração que iam de R$200 até míseros R$30, para que todos pudessem ajudar. Além disso, depositamos nossas maiores esperanças em duas secretarias que sempre nos serviram em nossas empreitadas: a de Meio Ambiente e a de Turismo e Cultura. Caso essas duas nos servissem, o resto seria apenas complemento, e não precisaríamos ficar tão descabelados pensando em como iríamos voltar do sul...

Estabelecemos ainda uma parceria importante com o Jornal Estado em Notícias, outro grande parceiro desde nosso surgimento, sempre veiculando nossas aventuranças pelo mundo da cultura... Escrevemos uma matéria para sair no sábado de nossa ida, fazendo um apelo para que quem pudesse  nos ajudar fizesse suas contribuições enquanto estivéssemos por lá, pois estávamos indo só com a passagem de ida paga, e nos faltaria a de volta.

Após algumas noites angustiadas e pesquisas atrás de pesquisas por melhores preços dos aviões nos dias derradeiros (comprar passagem aérea é igual bolsa de valores, o tempo todo muda, de acordo com a disponibilidade de assentos e a proximidade da data do vôo), enfim atravessamos um último dia realmente estressante que acabou culminando com umas três ligações para os aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim,  uma profunda reflexão em família junto a meus pais e a Josiane, lá em casa, um pouco de emoção aflorada e, enfim, um boa noite aliviado por saber que tentamos até o fim.

O corpo estava muito cansado, somatizado de tantas decepções, buscando entender o que nos fez parar uma oportunidade tão única.

...

No decorrer da semana, mais uma missão dolorosa: explicar, a todos que nos encontravam e vibravam por nossa ida, que não pudemos ir de fato. Explicar que a matéria saiu mas que não tínhamos conseguido arrecadar tudo o que precisávamos. Explicar que infelizmente é assim que acontece, que vamos esperar outras oportunidades.

Tentar entender o porque de termos recebido total apoio de uma secretaria de meio ambiente, que prontamente nos atendeu em nossa solicitação, e nem ao menos uma resposta de "não podemos desta vez" da secretaria de turismo e cultura, que deveria ser a principal interessada em mais esta conquista da Companhia.

Alguns especuladores próximos diziam que: "Claro, o Em Nós está empreendendo esse movimento pela criação da Secretaria de Cultura autônoma em Cachoeiras, é lógico que eles não iam te apoiar, pois vocês estão indo contra eles!..."

Não sei se esse foi o motivo.

Mas confesso que acho estranho tal argumento.
Por acaso então vibrar com a possibilidade de uma gestão pública de cultura mais focada em interesses culturais - e não destroçada em meio a turismos, indústrias, comércios e toda sorte de pastas agregadas como atualmente se vigora - por acaso isso é ir contra essa mesma gestão?

Como eu, e qualquer outra liderança cultural ou artista de profissão, posso pensar que uma mudança neste nível não seria benéfica a todos que vivem ou apreciam a cultura neste município?

Como um gestor público de cultura, que batalhou a vida inteira por melhores condições para a nossa Cultura local, poderia cogitar a possibilidade de que isso seria ruim para o município? De que um movimento como este estaria indo "contra" a gestão do jeito que está hoje em dia?

Será que estamos tratando mesmo de uma questão de órgão PÚBLICO, ou estamos apenas disfarçando de "público" uma gestão que é tocada como coisa privada??...

Pois se fosse encarada como coisa pública, certamente a possibilidade real da criação de uma secretaria autônoma, com um orçamento próprio, só para fazer Cultura, seria um passo importante para a cidade. Qualquer pessoa enxerga isso. Isso é dito e defendido em todas as esferas de atuação: municípios, estados e federação têm este objetivo, e trabalham no sentido de amadurecer neste caminho.

Por qual motivo nós, que trabalhamos por cultura na cidade, através do Em Nós, poderíamos sofrer algum tipo de boicote por mobilizarmos o movimento artístico em prol desta conquista? Será que a ideia é tão ruim assim? Ou são as regalias individuais, conchavos políticos, conveniências arcaicas e disputas de poder que estão em jogo?...

...

Para aqueles que não se importam e acham que está tudo muito bem, ou para os que simplesmente acham que o que está feito, está feito e não se muda, deixo o seguinte recado: não se iludam.

Quando temos a oportunidade de conhecer outras realidades, de outros lugares, e vemos que as coisas podem ser feitas de formas diferentes das quais estamos acostumados, um universo se abre à nossa frente e vemos com maior clareza o quanto estamos sendo vítimas de interesses que muitas vezes desconhecemos - e que, acreditem, passam muito além da cultura e das artes. Os sinistros meandros da política incluem questões financeiras pesadas, garantias de cargos comissionados, pressões partidárias e todo tipo de vetores excusos.

Aqueles que se atrevem a questionar as estruturas estabelecidas, como eu tenho feito, e muitos outros colegas o fazem ou já o fizeram em outras épocas, são cuidadosamente tratados como "inimigos públicos" ou "inimigos do governo" pelos maquiavélicos políticos disfarçados de gestores culturais que se nos apresentam ano a ano. Transformam cada um de nós em pequenos "monstros" que estão ameaçando a soberania da paz na gestão pública de cultura... e pouco a pouco, através do menosprezo, da desqualificação em pronunciamentos públicos e em matérias de jornal, consolidam um quadro horripilante de nós, forçando a Opinião Pública a nos odiar.

Incapazes de administrar a diferença de opiniões, fruto do confronto de ideias entre o governo e a sociedade civil, preferem nos esmagar - ou o que é pior: às vezes nos convidam a trabalhar em suas secretarias, como forma de calar nossa boca e nos encaixar em seus mecanismos de manipulação perpétua. Como diria o ditado: "Inimigo bom é inimigo por perto, porque é mais fácil de vigiar".

...

Bom, gente, desculpe o desabafo, vocês não têm nada a ver com isso.
Mas eu tenho, e preciso pôr para fora.

O que acontece por aí pouca gente tem noção, e quem tem alguma noção do que de fato acontece nos bastidores, deve multiplicar, provocar, questionar, refletir e promover mudanças.

Minha vida é curta, sou visionário e não posso passar por ela sem colorir cores diferentes.

Obrigado a todos pela companhia. =)

Um dia eu canso e não volto mais a lutar. Alguém aí faz favor de dar seqüencia, heim! rsrs

terça-feira, 27 de abril de 2010

Poema resumo até 27 de abril



"Considerações sobre uma luta inglória"
ou
"Dá vontade de partir"

1
Ruminâncias
Há dias em que lutar parece significar poente
Pratos desses de se servir à noite
Após orkut e twitter vazios

Eu sento meu corpo no escuro
Banhado de sombras
Oculto de mim

O culto que prezo nos dias
Adias teus passos sem fim
Passeias sem sol por escadas
Nem liga, nem dança, nem logo, nem sim

Rumino meus ideais,
mastigados exaustivamente
até perder o gosto
E gosto.
É de saber que neste ponto,
após qualquer vestígio de prazer,
os alimentos já sem fibras
ou coloração,
É sempre neste ponto
que sobra o pino da verdade:
a mastigação autônoma,
robótica,
soviética,
revela em seu amargor sem torpe
uma refeição cruel e necessária.

Ruminar é essencial
para não cuspir ansiedade.

Desintegrar-se é estratégico
para quem entende a fome.

Tenho fome. Meus frutos estão secos.
Meus pratos sujos,
Meus amigos tontos,
Meu estômago cáustico.

Aguardo luz.

2
Quissamanga
Fui pra praia
ver o mar
catar conchas
caminhar horas a sol na areia

Recobrei olhares ancestrais
com minha mãe, o mar
perdido no vazio do oceano,
já protagonista de tantas
histórias em mim...

Quissamanga,
Quizanga,
Quissamã...
...o mar!

Descobrindo flores nunca dantes vista
Caminhando a sóis
a sós que não se fica!

3
Depressão pós-parto
...só é chato às vezes,
depois de agitar
algumas montanhas,
sentir que aquele frio
de dez, quinze anos atrás,
volta bem quietinho
e se acomoda no fim da sala,
à espreita.

Estar em estado depressivo
é sempre uma lembrança
que atormenta,
por mais distante que pareça.

A possibilidade de paralisar
É algo que tenho que conviver,
Para além de qualquer entrave
- é condição.

Como me disse Michelle, agora,
Que os deuses me acompanhem
nesta senda;
Estou aberto para o lado cruel da vida
E rogo por um apoio cultural.

=)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pra que uma secretaria de Cultura?

Ou "Indignações"
Minissérie em 3 capítulos


Bem, amigos da Rede Globo... Estamos de volta com mais uma emocionaaante partida entre dois dos maiores times da atualidade: do lado direito do campo, eles, que já conquistaram váááários campeonatos nos últimos anos, sempre apoiados pelo presidente da liga e por zilhões de torcedores fanáticos, o time Público-Privado!!!... E do outro lado, o time sensação que vem crescendo muuuito nas últimas partidas, os bravos guerreiros sem patrocínio nem local de treino e nem mesmo dias para treinar!... eles, os incansáveis e destroçados: os Civis-Sociais!!!!...

O juiz olha o relógio, olha para os bandeirinhas... e está dado o início desta partida deeeecisiva!!...
(...)

FIM DO CAPÍTULO 1

domingo, 11 de abril de 2010

um poema-resumo até abril de 2010

Poema-resumo
(o poema tem um certo ritmo, para música, que só eu entenderia; não considere isso, tá?)


"Abril de 2010"
ou "Turbulências"


1. Lições da perda de um primo
Dito o que disse,
Fosse o que fosse,
Foi-se o que foi,
Fica no pé de página a nota
de se fazer de novo
o novo.
O novo que finca abrigo
e fala:
" - Que foice que tem um nó."
A foice que fica triste
e esfola
um primo que tenha dó.


Perdi na solidez do asfalto
o primo que anda só;
batido no passar das horas
se foi
historias da minha vó
Não vi minha vó querida, não vi
No tempo que já se foi
Reflexos de sua mão banida
cadê?
materno deleite em pó


Só sonho de madrugada
eu vivo
catando canais a sós
Levanto ao meio-dia
a sós
Baixados todos os sóis
Baixando na internet
eu vivo
canções d'índio pataxó
Bebendo o sagrado vinho
eu vou
falando todos os sóis


2. Brasília, março
Teve outro dia que embarquei na utopia de querer
me reaver mesmo à distância de um tempo;
Tomei um barco de dois eixos
contraponto, contracanto, comtracultura, contrapiso
e mil quilômetros além,
Brasília estou.


Enfeitiçado de brasis,
brasados, brasos, passarados,
Etnias, brados, euterpes, lumiares,
Quanto olhar brilhante junto -
me queimou
O coração de um taquicardíaco amolecido
deu novos saltos de temor e desbravura
...e renascido dos escombros de minha própria brandura adquirida,
A utopia abaixo irei.


Brasília desocupou
minha querência
e brotou novo.


A Cultura é maior que todos nós.


3. Considerando que não há mais tempo
(balada pra morte)
Quando lembro que vivenciei a morte
em meus pequenos feitos
em momentos puros
ao menos umas três vozes,
Fico retido em mim com a impressão
de que nem toda impressão
é para sempre.


Quando senti meu coração tão fraquejado,
sacolejando no vazio do peito
feito feijão cru num saco frio,
após quatro anos de sofrimento trabalhista
...
...e após verificar-lhe o ritmo sôfrego por meio de aparelhos,
cordões, fiapos e esteiras,
deu-me conta de que patrões não são pagos
para dar saúde a seus escravos.


Rendi-me à escuridão do retiro.


Salvei-me do iminente colapso
cardíaco,
com uma brava decisão...
de parar no tempo.
Carrego ainda assim
meu prolapso
no peito,
bússola mambembe que me guia alto
e temorosamente cega.


Das outras vezes,
em alguma espécie de êxtase
espiritual,
devaneio simbólico
ou sonho madrugal,
vi de perto a descolação de meu próprio ser
de sua finitez palpável,
Observando a morte como um doce dia
bem de perto
bem de leve
feliz por entender que nela
o de mais belo vem.


E ao tocar na divina veste de Jesus
indianamente colorida,
fiz-me menor que meu ego inflado
E entendi
que muitas são as moradas
e muitos nomes mais.


4. Pé ante pé
Pé ante pé
sigo a roda
Faço a curva
pego o trem;


Pá ante pá,
cavo o brejo
cravo a rosa
broto luz.


Sol ante sol
minha fronte já madura
espelha amor,
teimosia e tédio.




> Ai, como é bom escrever em versos livres sem ter que dizer nada a ninguém... =)
Cumpro meu papel, faço-me entender a mim mesmo; deixo alguns curiosos, outros desleixados, e vamos que vamos pra vida!
SÓ POR CURIOSIDADE: dos assuntos que trato neste poema-resumo, estão a morte do meu primo, há um ano; a Conferência Nacional de Cultura da qual participei; minhas experiências com a morte; e a campanha para a criação da Secretaria de Cultura em Cachoeiras de Macacu. Não se apercebe nada disso no poema? Oba, então consegui o que queria! =P


Abraços.